27 de jun. de 2014

Quem é chata, afinal? por Tatiane Ribeiro

"Quem é a chata, afinal?" por Tatiane Ribeiro
(Em resposta ao texto de Mariliz Pereira Jorge, para a "maravilhosa" Folha de São Paulo)

Aí você lê um texto em que uma mulher afirma que," enquanto algumas reclamam dos homens e vão dormir sozinhas, outras são bem sucedidas na dança do acasalamento". A tal cidadã é tão, mas tão entendida do universo feminino que alega que as mulheres que se autointitulam independentes esperam demais dos homens. Sim, para ela, toda mulher busca um cara rico e fodão, mas ela não se importa em ser "a outra" e não deveria se importar se ele é machista (Ahn???). Como ela mesma afirma, ela foi "escolhida" por um cara, então talvez não entenda o direito que algumas mulheres se dão de não serem escolhidas, tal qual mercadoria na prateleira. Talvez ela não entenda as outras mulheres porque ela acha que todos os seres humanos são iguais e buscam as mesma coisas. Pobre coitada! Pensa que todo ser humano se satisfará com o fato de ter grana pra comprar bolsa cara e um(a) parceirx para cópula. De certo, errada estou eu, que julgo essa visão de felicidade um tanto quanto limitada. Provavelmente, esteja eu equivocada ao pensar que mulher, para ser independente, não precisa apenas bater no peito para dizer que se banca - embora isso seja sim importante para nós, não precisa abdicar a maternidade - querer ou não ser mãe não tem NADA a ver com depender de um homem. Moça, eu não quero um chinelo velho, nem meu pé está cansado. Quero um ser humano completo, de um caráter compatível com o meu, independente de suas posses ou de sua escolaridade. Eu não quero "sossegar o meu rabo em um relacionamento feliz"; quero meu "rabo" livre por quanto tempo eu desejar, Primeiro estou aprimorando o meu relacionamento feliz comigo mesma, só depois poderei me partilhar com alguém. É uma pena que algumas mulheres, escravas do modelo tradicional de família feliz, pensem que algumas de nós estão solteiras porque ninguém as escolheu. Sis, entenda: nós estamos solteiras porque nos faltaram motivos para que ingressássemos em uma relação com os homens que nos "escolheram". Nós não queremos ser escolhidas - nem escolher; Queremos que a coisa simplesmente aconteça, sem que a gente sinta pressa em ostentar para a sociedade um macho alfa a tira-colo. Os homens da minha vida me amaram justamente pela minha personalidade, pela minha independência e, se "eles não me salvaram de jantar Miojo para o resto da vida", é por dois motivos principais: 1. Eu sei cozinhar e, mesmo que não soubesse, não me incomodaria em comer Miojo todas as noites - eu adoro!; 2. Nós compreendemos que alguma peça do quebra-cabeça de um não se encaixava no jogo do outro. É simples. Nós, mulheres solteiras, não estamos fadadas a passar a vida nessa solidão que tanto te preocupa, mas também não morreríamos depressivas se fosse este o caso. Quando uma mulher é verdadeiramente independente, ela responsabiliza suas conquistas pessoais pela sua felicidade, e macho para cópula não é exatamente uma conquista. Me desculpe, moça, mas uma criatura que trabalhou para a Veja e é funcionária da Globosta, não me representa. Não envergonhe as sisters, menina!

Chata? Chata é a mulher que não apoia as sisters e ajuda a reforçar o machismo. Quanto aos homens que concordam com essa senhorita, não me toquem que eu não me dou com gente de mente pequena!
2 beijos  

P.S.: Eu também tenho louça para lavar. 







O texto não sofreu nenhuma alteração ao ser transportado para o blog.

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