O maior desafio para quem trabalha com crianças surdas é acreditar nos bebês
como diferentes e não como deficientes. É, assim, que pensa a fonoaudióloga
escolar Sandra Refina Leite, que trabalha na Escola para Crianças Surdas
(ECS) Rio Branco, em São Paulo.
Para ela, a melhor maneira de potencializar a produtividade e o
desenvolvimento dos bebês é ensinar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
desde os primeiros dias de vida. A fonoaudióloga participa nesta sexta-feira
(22), em São Paulo, de um encontro que vai discutir a educação para Surdos.
“Desde o momento em que os pais descobrem a surdez do bebê é importante
procurar um especialista para que, além da própria criança poder aprender a
língua dos sinais, eles também possam aprendê-la. É fundamental que a
criança desenvolva habilidades visuais para se sentir incluída socialmente e,
quanto mais cedo, iniciar o processo de educação, melhor”, diz.
“Todos os nossos esforços são para que a criança aprenda da maneira mais
natural possível”.
A especialista afirma que os pais não costumam aceitar a surdez do bebê em
um primeiro momento. “Nossa sociedade não está preparada para a diferença,
e isso se reflete também no comportamento dos pais dos bebês, que demoram
um pouco a se acostumarem. Ainda assim, o resultado vale muito à pena”,
afirma Sandra.
A fonoaudióloga diz que em seis meses de atividades o bebê já começa a
reconhecer os sinais, mesmo que de maneira ainda não estruturada.
Em casa, é fundamental que os pais se comuniquem com o bebê por meio da
linguagem de sinais.
Ela reafirma, ainda, a importância de brincar com a criança e contar histórias.
“Aos pais cabe a tarefa de apresentar o mundo à criança, nomear pessoas e
coisas, para que ela entenda a complexidade do mesmo, e interaja sempre”,
diz.
Surdez
O teste, que identifica a surdez do bebê, pode ser feito ainda na maternidade.
As causas da deficiência podem ser muitas, mas as mais evidentes, segundo
Sandra, são casos de meningite, rubéola e toxoplasmose da mãe durante a
gravidez.
No processo educacional proposto pela ECS, o bebê participa de atividades
educacionais até os 3 anos, para se familiarizar com a linguagem de sinais. A
partir daí, a criança é encaminhada para o ensino formal em uma turma
composta apenas por Surdos. Depois do quinto ano do ensino fundamental, a
orientação é que esse seja encaminhado a uma escola tradicional,
acompanhado de um intérprete.
“Propomos que esse fique em uma escola especial, porque em todos os outros momentos do dia ele conviverá com pessoas ouvintes, dentro da própria
família. A idéia não é isolar o aluno, mas ensiná-lo a agir como uma pessoa
diferente, mas participante, quando exposto a quaisquer situações com
ouvintes”, afirma.
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