Há vezes em que...
Há vezes...
Há vezes em que não estamos prontos.
Há vezes que, bem no fundo, bem longe internamente do corpo humano, uma doença se instala.
Súbita e sem misericórdia, mata-te aos poucos - mas não em emoções, não. Essa mata o órgão, o estômago, o pulmão, o coração e o cérebro. Depois vem a pele, os dentes e o cabelo.
Nada direi sobre os olhos; são imutáveis por um ano. Passado isso, mudam-se pouco. Por vezes ganham brilho, por outras secam-se...e opacos...
Mas, voltemos ao arrependimento. Não é de ontem ou de hoje que existe a autopiedade; automassacre; autosuicídio, como se isso já não fosse redundante. Explico: quando mata-te por uma janela ou um revólver, eis o suicídio. Quando cometes um erro, e por menor que seja, mata-te o arrependimento, ah!.. eis o autosuicídio.
Se não houvesse dito, se não houvesse feito, se...
Agora, há vezes que mente-se para si. Maior mentira. Autosuicídio. E que dor é essa! É tão estranha que quase traz felicidade. É tão irrevogável que sempre precisa-se de mais. É tão insaciável, sempre tão faminta, viciante. Perturbadora.
Quando tentas confiar nas tuas próprias palavras, mas enojeia-te a ti mesmo para olhar no espelho. Quando teu ódio por ti é tamanho, que te impede de amar - o teu próprio eu! Não conseguir acreditar no que diz, tuas próprias palavras! E de olhar no céu escuro e temer a morte - não pelo que perderá, e sim do que está por vir.
Lady Viana
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