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Foto por Bleedangel (Bianca BC) |
Sentia-se como... se o cômodo
estivesse vazio, fosse o que fosse, fizesse o que fizesse. E, no entanto, por
que partir? Que diferença, afinal, faria partir? Se a presença era deveras
notada por quanto estivesse, tamanha seria a mudança se partisse?
Mas,
novamente, questionava-se, e sua rotina seguia de forma branda e vazia.
Procurava, no entanto, alterar de alguma forma o desconforto com novas palavras
de carinho e afeto. Não, não mudara coisa alguma – deveras era notada, deveras
era... Notada.
As malas
lá estavam, mas vazias – ah, tão vazias! O que botar dentro de um novo destino
a partir de um passado enferrujado? E se dissesse o seu nome, uma vez que
fosse, seria uma lembrança – e isso, afinal, poderia destruir o futuro. O novo
destino, dessa vez, literalmente novo. Encher a mala ou não encher?
No
entanto, o que era isso? O que se passava? O que era ser vazio, era, de fato, não
sentir nada – ou seria isso ser insensível? Ou seria isso se acostumar aos
sentimentos, tão habituada estivesse a eles? Como diferenciar tal de quanto,
não tendo um espelho que falasse, tampouco um humano que respondesse..?
Oh,
triste, triste, ó, triste passado. Chamaria dessa forma, dali em diante.
Passado – que assim seja! Pois então, de vazias nada mais – as malas agora
lotadas, desajeitadas, tão cheias de roupas mas tão carentes de passado!
Em
breve, pensava, em breve teriam um passado, essas malas. Gostava de pensar
assim. Partir. E levar consigo, somente, a esperança de um futuro próximo. Nada
mais – o passado que outrora estivera lá só poderia ferir. Era preciso apagar,
limpar, purificar, cristalizar... Que venha, pois, o futuro!
Lady Viana